“Bom dia pessoal! Trouxe aqui para vocês guloseimas num preço especial. Tem bala de goma de eucalipto; pacote de cinco paçocas, de três saquinhos de jujuba, e tem também a torradinha crocante sabor churrasco. Tudo isso, por apenas um real cada um!”
Quem costuma circular pela Grande Vitória de coletivo já foi abordado por essas guloseimas, oferecidas em pacotinhos pendurados em ganchos improvisados ou caixas de papelão. E tudo pelo humilde um realzinho.
As ofertas são as mesmas e chegam, às vezes, num intervalo de duas ou três paradas. Vendedora jovem, mãe; vendedor criança, adulto já com barba branca. Quando vejo um deles ocupando o corredor, me pergunto de onde vieram essas pessoas e por que elas trabalham com venda de guloseimas nos coletivos. Uma pessoa matou a minha - e talvez a de vocês - curiosidade mínima pela vida alheia, e fez um documentário sobre fulanos, sicranos e beltranos vendedores do Transcol nosso de cada dia.
O ato de enxergar
Cineasta recém-formada pelo curso de Audiovisual da Ufes, Naiara Bolzan é de Venda Nova do Imigrante. Quando veio morar em Vitória, ela se surpreendeu com o ritmo da capital. Nunca havia tido contato com essa movimentação e intervenções urbanas; e, portanto, se encantou com o transporte coletivo, com os artistas de rua, com os vendedores de bala: “Eram situações diferentes. E eu comecei a olhar as coisas com outro olhar”.
O olhar de Naiara se materializou na lente da câmera, pela primeira vez, quando produziu junto com Cristina Morgon o curta Sinal Vermelho, sobre os artistas de rua que ocupam os segundos dos semáforos da capital. Essa experiência lhe motivou a utilizar um outro tema social para seu projeto de conclusão de curso. O motivo, acreditem, veio dentro do ônibus.
“Um dia entrou um rapaz moreno, de roupa simples e caixinha de papelão na mão. Ele entrou, distribuiu as balas educadamente, mas ninguém comprou. No outro ponto, entrou um baleiro de roupa social, com caixinha na mão e moreno também, com a mesma simplicidade vendeu a bala e muita gente comprou. E uma senhora do meu lado disse que ia comprar para ajudar porque gostou dele. Mas disse q não ia comer porque não sabia a procedência”, conta.
Um intervalo de cinco minutos entre as paradas foi o suficiente. Naiara questionou porque as mesmas pessoas deram tratamentos diferentes a cada vendedor. Ela então, teceu sua ideia: um documentário que mostrasse quem são aqueles vendedores além do que sua imagem nos passa.
Nossos baleiros
“Meu nome é fulano” retrata e apresenta o nome, a profissão, a vida desses siclanos e beltranos comerciantes do Transcol. A produção levou 30 dias para ser concluída, entre gravações e filmagens nos, intitulados, espaçosos corredores do coletivo. “Nossa equipe de cinco pessoas entrou em cerca de 60 ônibus. Foi um verdadeiro amasso” (risos)”.
Em detalhes, com registros dentro do ônibus, das paradas, e em entrevistas com os vendedores, o documentário registra e empodera esses personagens. Você percebe que, ali, não temos um baleiro por necessidade. São pessoas que vivem daquilo e gostam.
Trabalhadores que construíram e alimentam esse mercado de guloseimas local, como já acontece no Rio de Janeiro e Minas Gerais, cujos mercados são regularizados e saturados - de tanto vendedor. Tem profissional vizinho nosso de estado que veio trabalhar aqui para devido à essa concentração de oferta.
O mercado capixaba não é regularizado. Porém, há e não há vendedores que defendem essa legalização - como mostram alguns entrevistados no documentário. De toda maneira, criou-se já um movimento de baleiros, um grupo organizado.“A maioria dos que eu entrevistei não trocaria a profissão. E eu fiz esse documentário no sentido de incomodar a pessoa que assiste. De que tem alguém falando com você no ônibus e você não tem interesse em saber quem ele é. Uma crítica pessoal”.
Quem teve a oportunidade de assistir a “Meu nome é fulano”, teve um momento de abertura do olhar. O documentário foi exibido ano passado na mostra Próximos olhares da turma de Audiovisual da Ufes. Agora em junho, o público terá a oportunidade de conferir a produção no Cine Metrópolis, durante a X Mostra Produção Independente - O Lugar da Memória, realizada pela ABD Capixaba entre os dias 09 e 14 do mês.
As ofertas são as mesmas e chegam, às vezes, num intervalo de duas ou três paradas. Vendedora jovem, mãe; vendedor criança, adulto já com barba branca. Quando vejo um deles ocupando o corredor, me pergunto de onde vieram essas pessoas e por que elas trabalham com venda de guloseimas nos coletivos. Uma pessoa matou a minha - e talvez a de vocês - curiosidade mínima pela vida alheia, e fez um documentário sobre fulanos, sicranos e beltranos vendedores do Transcol nosso de cada dia.
O ato de enxergar
Cineasta recém-formada pelo curso de Audiovisual da Ufes, Naiara Bolzan é de Venda Nova do Imigrante. Quando veio morar em Vitória, ela se surpreendeu com o ritmo da capital. Nunca havia tido contato com essa movimentação e intervenções urbanas; e, portanto, se encantou com o transporte coletivo, com os artistas de rua, com os vendedores de bala: “Eram situações diferentes. E eu comecei a olhar as coisas com outro olhar”.
O olhar de Naiara se materializou na lente da câmera, pela primeira vez, quando produziu junto com Cristina Morgon o curta Sinal Vermelho, sobre os artistas de rua que ocupam os segundos dos semáforos da capital. Essa experiência lhe motivou a utilizar um outro tema social para seu projeto de conclusão de curso. O motivo, acreditem, veio dentro do ônibus.
“Um dia entrou um rapaz moreno, de roupa simples e caixinha de papelão na mão. Ele entrou, distribuiu as balas educadamente, mas ninguém comprou. No outro ponto, entrou um baleiro de roupa social, com caixinha na mão e moreno também, com a mesma simplicidade vendeu a bala e muita gente comprou. E uma senhora do meu lado disse que ia comprar para ajudar porque gostou dele. Mas disse q não ia comer porque não sabia a procedência”, conta.
Um intervalo de cinco minutos entre as paradas foi o suficiente. Naiara questionou porque as mesmas pessoas deram tratamentos diferentes a cada vendedor. Ela então, teceu sua ideia: um documentário que mostrasse quem são aqueles vendedores além do que sua imagem nos passa.
Nossos baleiros
“Meu nome é fulano” retrata e apresenta o nome, a profissão, a vida desses siclanos e beltranos comerciantes do Transcol. A produção levou 30 dias para ser concluída, entre gravações e filmagens nos, intitulados, espaçosos corredores do coletivo. “Nossa equipe de cinco pessoas entrou em cerca de 60 ônibus. Foi um verdadeiro amasso” (risos)”.
Em detalhes, com registros dentro do ônibus, das paradas, e em entrevistas com os vendedores, o documentário registra e empodera esses personagens. Você percebe que, ali, não temos um baleiro por necessidade. São pessoas que vivem daquilo e gostam.
Trabalhadores que construíram e alimentam esse mercado de guloseimas local, como já acontece no Rio de Janeiro e Minas Gerais, cujos mercados são regularizados e saturados - de tanto vendedor. Tem profissional vizinho nosso de estado que veio trabalhar aqui para devido à essa concentração de oferta.
O mercado capixaba não é regularizado. Porém, há e não há vendedores que defendem essa legalização - como mostram alguns entrevistados no documentário. De toda maneira, criou-se já um movimento de baleiros, um grupo organizado.“A maioria dos que eu entrevistei não trocaria a profissão. E eu fiz esse documentário no sentido de incomodar a pessoa que assiste. De que tem alguém falando com você no ônibus e você não tem interesse em saber quem ele é. Uma crítica pessoal”.
Quem teve a oportunidade de assistir a “Meu nome é fulano”, teve um momento de abertura do olhar. O documentário foi exibido ano passado na mostra Próximos olhares da turma de Audiovisual da Ufes. Agora em junho, o público terá a oportunidade de conferir a produção no Cine Metrópolis, durante a X Mostra Produção Independente - O Lugar da Memória, realizada pela ABD Capixaba entre os dias 09 e 14 do mês.
O documentário estará disponível para visualização a partir do próximo ano. Agora, em 2015, o objetivo é exibi-lo em festivais locais e globais. “Queremos mostrar um pouco desse nossos baleiros capixabas para o mundo”, completa.
“Sinal Vermelho”e “Meu nome é fulano” integram o projeto de Naiara Bolzan na ótica de profissões não reconhecidas. A cineasta pretende, em breve, produzir um novo filme que complete uma trilogia, fortalecendo ainda mais o tema de documentário social no Espírito Santo.
Assista ao trailer:
www.facebook.com/meunomeefulano
Ficha técnica
“Meu nome é Fulano”
Direção, Roteiro, Produção e Montagem: Naiara Bolzan
Direção de fotografia: Cássio Siquara
Som direto: Lygia Machado
Assistentes de produção: Djalma Batista Pinto e Carlene Bezerra
Trilha sonora: Deyvid Martins e João Machado
Professor Orientador: Klaus´berg Nippes Bragança

Ana Luiza. Jornalista apaixonada por cinema e arte, se derrete por uma história a ser contada. Guarda em seu caderno intermináveis sonhos projetos, e voilá, este é um deles! Vez ou outra faz participação especial sob o título depois de ludovico & paralelos artísticos, retratando o cenário cinematográfico do ES.
“Sinal Vermelho”e “Meu nome é fulano” integram o projeto de Naiara Bolzan na ótica de profissões não reconhecidas. A cineasta pretende, em breve, produzir um novo filme que complete uma trilogia, fortalecendo ainda mais o tema de documentário social no Espírito Santo.
Assista ao trailer:
www.facebook.com/meunomeefulano
Ficha técnica
“Meu nome é Fulano”
Direção, Roteiro, Produção e Montagem: Naiara Bolzan
Direção de fotografia: Cássio Siquara
Som direto: Lygia Machado
Assistentes de produção: Djalma Batista Pinto e Carlene Bezerra
Trilha sonora: Deyvid Martins e João Machado
Professor Orientador: Klaus´berg Nippes Bragança

Ana Luiza. Jornalista apaixonada por cinema e arte, se derrete por uma história a ser contada. Guarda em seu caderno intermináveis sonhos projetos, e voilá, este é um deles! Vez ou outra faz participação especial sob o título depois de ludovico & paralelos artísticos, retratando o cenário cinematográfico do ES.
Show! Vou conferir
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